terça-feira, 21 de julho de 2009

O Poder da Validação


Todo mundo é inseguro, sem exceção. Os super confiantes simplesmente
disfarçam melhor. Não escapam pais, professores, chefes, nem colegas de
trabalho. Afinal, ninguém é de ferro. Paulo Autran treme nas bases nos
primeiros minutos de cada apresentação, mesmo que a peça já tenha sido
encenada 500 vezes. Só depois da primeira risada, da primeira reação do
público, é que o ator relaxa e parte tranqüilo para o resto do espetáculo.

Eu, para ser absolutamente sincero, fico inseguro a cada artigo que
escrevo e corro desesperado para ver os primeiros e-mails que chegam.

Insegurança é o problema humano número 1. O mundo seria muito menos
neurótico, louco e agitado se fôssemos todos um pouco menos inseguros.

Segurança não depende da gente, depende dos outros.

Está totalmente fora do nosso controle. Por isso segurança nunca
é conquistada definitivamente, ela é sempre temporária, efêmera.
Segurança depende de um processo que chamo de "validação", embora para
os estatísticos o significado seja outro.

Validação estatística significa certificar-se de que um dado ou informação
é verdadeiro, mas eu uso esse termo para seres humanos. Validar alguém
seria confirmar que essa pessoa existe, que ela é real, verdadeira,
que ela tem valor. Todos nós precisamos ser validados pelos outros,
constantemente.

Alguém tem de dizer que você é bonito ou bonita, por mais bonito ou
bonita que você seja. O autoconhecimento, tão decantado por filósofos,
não resolve o problema. Ninguém pode autovalidar-se, por definição.
Validar o outro significa confirmá-lo, como dizer: "Você tem significado
para mim". Validar é o que um namorado ou namorada faz quando lhe diz:
"Amo você!".

Quem cunhou a frase "Por trás de um grande homem existe uma grande mulher"
(e vice-versa) provavelmente estava pensando nesse poder de validação
que só uma companheira amorosa e presente no dia-a-dia poderá dar.

Um simples olhar, um sorriso, um singelo elogio são suficientes para você
validar todo mundo. Estamos tão preocupados com a própria insegurança
que não temos tempo para sair validando os outros.

ESTAMOS TÃO PREOCUPADOS EM MOSTRAR QUE SOMOS O "MÁXIMO" que esquecemos
de dizer aos nossos amigos, filhos e cônjuges que o "MÁXIMO" são ELES.

Por falta de validação, criamos um mundo consumista, onde se valoriza o
"ter" e não o "ser".

Por falta de validação, criamos um mundo onde todos querem mostrar-se ou
dominar os outros em busca de poder. Validação permite que pessoas sejam
aceitas pelo que realmente são e não pelo que gostaríamos que fossem.

Mas, justamente graças à validação, elas começarão a acreditar em si
mesmas e crescerão para ser o que queremos.

Se quisermos tornar o mundo menos inseguro e melhor, precisaremos treinar
e exercitar uma nova competência: validar alguém todo dia. Um elogio
certo, um sorriso, os parabéns na hora certa, uma salva de palmas,
um beijo, um dedão polegar para cima, um "valeu cara, valeu".


Stephen Kanitz

quinta-feira, 9 de julho de 2009

O Anel...



- Venho aqui, professor, porque me sinto tão pouca coisa, que não tenho forças para fazer nada. Dizem-me que não sirvo para nada, que não faço nada bem, que sou lerdo e muito idiota. Como posso melhorar? O que posso fazer para que me valorizem mais?

O professor sem olhá-lo, disse:
- Sinto muito meu jovem, mas não posso te ajudar, devo primeiro resolver meu próprio problema. Talvez depois.

E fazendo uma pausa falou:
- Se você me ajudasse, eu poderia resolver este problema com mais rapidez e depois talvez possa te ajudar.

- C... Claro, professor - gaguejou o jovem.

Mas se sentiu outra vez desvalorizado e hesitou em ajudar seu professor. O professor tirou um anel que usava no dedo pequeno e deu ao garoto e disse:
- Monte no cavalo e vá até o mercado. Devo vender esse anel porque tenho que pagar uma dívida. É preciso que obtenhas pelo anel o máximo possível, mas não aceite menos que uma moeda de ouro. Vá e volte com a moeda o mais rápido possível.

O jovem pegou o anel e partiu. Mal chegou ao mercado começou a oferecer o anel aos mercadores. Eles olhavam com algum interesse, até quando o jovem dizia o quanto pretendia pelo anel. Quando o jovem mencionava uma moeda de ouro, alguns riam, outros saiam sem ao menos olhar para ele, mas só um velhinho foi amável a ponto de explicar que uma moeda de ouro era muito valiosa para comprar um anel.

Tentando ajudar o jovem, chegaram a oferecer uma moeda de prata e uma xícara de cobre, mas o jovem seguia as instruções de não aceitar menos que uma moeda de ouro e recusava as ofertas.

Depois de oferecer a jóia a todos que passaram pelo mercado, abatido pelo fracasso montou no cavalo e voltou. O jovem desejou ter uma moeda de ouro para que ele mesmo pudesse comprar o anel, assim livrando a preocupação de seu professor e assim podendo receber ajuda e conselhos. Entrou na casa e disse:

- Professor, sinto muito, mas é impossível conseguir o que me pediu. Talvez pudesse conseguir 2 ou 3 moedas de prata, mas não acho que se possa enganar ninguém sobre o valor do anel.
- Importante o que disse meu jovem - contestou sorridente - devemos saber primeiro o valor do anel. Volte a montar no cavalo e vá até o joalheiro. Quem melhor para saber o valor exato do anel? Diga que quer vender o anel e pergunte quanto ele te dá por ele. Mas não importa o quanto ele te ofereça, não o venda. Volte aqui com meu anel.

O jovem foi até o joalheiro e lhe deu o anel para examinar. O joalheiro examinou o anel com uma lupa, pesou o anel e disse:
- Diga ao seu professor, se ele quer vender agora, que não posso dar mais que 58 moedas de ouro pelo anel.
- 58 MOEDAS DE OURO!!! - exclamou o jovem.
- Sim, replicou o joalheiro, eu sei que com tempo eu poderia oferecer cerca de 70 moedas, mas se a venda é urgente...

O jovem correu emocionado à casa do professor para contar o que ocorreu.
- Senta - disse o professor. E depois de ouvir tudo que o jovem lhe contou disse:
- Você é como esse anel, uma jóia valiosa e única. E que só pode ser avaliada por um expert. Pensava que qualquer um poderia descobrir o seu verdadeiro valor???

E dizendo isso voltou a colocar o anel no dedo.
- Todos somos como esta jóia. Valiosos e únicos e andamos por todos os mercados da vida pretendendo que pessoas inexperientes nos valorizem. Ninguém pode te fazer sentir inferior sem seu consentimento.

Maktub