quinta-feira, 29 de maio de 2008

QUEM É O SEU AMANTE?


Muitas pessoas têm um amante e outras gostariam de ter um. Há também as que
não têm, e as que tinham e perderam. Geralmente são essas últimas as que
vêm ao meu consultório para me contar que estão tristes ou que apresentam
sintomas típicos de insônia, apatia, pessimismo, crises de choro ou as mais
diversas dores. Elas me contam que suas vidas transcorrem de forma monótona
e sem perspectivas, que trabalham apenas para sobreviver e que não sabem
como ocupar seu tempo livre.

Enfim, são várias as maneiras que elas encontram para dizer que estão
simplesmente perdendo a esperança. Antes de me contarem tudo isto, elas já
haviam visitado outros consultórios, onde receberam as condolências de um
diagnóstico firme: "Depressão", além da inevitável receita do anti-depressivo
do momento. Assim, após escutá-las atentamente, eu lhes digo que elas não
precisam de nenhum anti-depressivo; digo-lhes que elas precisam de um AMANTE!
É impressionante ver a expressão dos olhos delas ao receberem meu conselho.
Há as que pensam: "Como é possível que um profissional se atreva a sugerir
uma coisa dessas?!" Há também as que, chocadas e escandalizadas, se despedem
e não voltam nunca mais. Àquelas, porém, que decidem ficar e não fogem
horrorizadas, eu explico o seguinte: "AMANTE é "aquilo que nos apaixona".

É o que toma conta do nosso pensamento antes de pegarmos no sono e é também
aquilo que, às vezes, nos impede de dormir.

O nosso AMANTE é aquilo que nos mantém distraídos em relação ao que acontece
à nossa volta. É o que nos mostra o sentido e a motivação da vida. Às vezes
encontramos o nosso amante em nosso parceiro, outras, em alguém que não é
nosso parceiro, mas que nos desperta as maiores paixões e sensações incríveis.

Também podemos encontrá-lo na pesquisa científica ou na literatura, na
música, na política, no esporte, no trabalho, na necessidade de transcender
espiritualmente, na boa mesa, no estudo ou no prazer obsessivo do passatempo
predileto...

Enfim, é "alguém" ou "algo" que nos faz "namorar" a vida e nos afasta do triste
destino de "ir levando". E o que é "ir levando"? Ir levando é ter medo de
viver. É o vigiar a forma como os outros vivem, é o se deixar dominar pela
pressão, perambular por consultórios médicos, tomar remédios multicoloridos,
afastar-se do que é gratificante, observar decepcionado cada ruga nova que
o espelho mostra, é se aborrecer com o calor ou com o frio, com a umidade,
com o sol ou com a chuva. Ir levando é adiar a possibilidade de desfrutar
o hoje, fingindo se contentar com a incerta e frágil ilusão de que talvez
possamos realizar algo amanhã. Por favor, não se contente com "ir levando";
procure um amante, seja também um amante e um protagonista da SUA VIDA...

Acredite: o trágico não é morrer; afinal a morte tem boa memória e nunca se
esqueceu de ninguém. O trágico é desistir de viver; por isso, e sem mais
delongas, procure um amante...

A psicologia, após estudar muito sobre o tema, descobriu algo transcendental:

*"PARA SE ESTAR SATISFEITO, ATIVO E SENTIR-SE JOVEM E FELIZ, É PRECISO
NAMORAR A VIDA". *

Dr. Jorge Bucay - PSICÓLOGO

tradução do original "Hay que buscarse un Amante"

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