quinta-feira, 24 de julho de 2008

Meu irmão mais velho (Minha irmã mais nova)

Nunca pensei que fosse sentir falta das meias malcheirosas do meu irmão espalhadas pelo chão ou da música que ele ouvia no volume máximo sempre que estava em casa. Mas, desde que ele foi para a faculdade, sinto meu coração apertado. Estou morrendo de saudades. Sempre fomos muito próximos, apesar da diferença de idade - eu tenho quatorze anos.

Meu irmão é um cara fora do comum, inteligente e gentil. Além disso, minhas amigas vivem suspirando pelos cantos e dizendo que ele é lindo. Mas o que me faz sentir tanto orgulho é o jeito como ele lida com as coisas, como trata os amigos e a família, como se importa com as pessoas. É assim que eu quero ser. Se vocês não se importarem, eu gostaria de explicar o que quero dizer...

Ele se candidatou a quatorze faculdades e foi aceito em todas, menos na que queria, a Brown University. Então optou pela Segunda escolha. Tudo correu bem no primeiro ano de faculdade, mas ele não estava satisfeito. Ao voltar para casa nas férias de verão, ele contou que tinha bolado uma estratégia para entrar na Brown. Queria saber se nós o apoiaríamos.

Seu plano era se mudar para Rhode Island, perto da Brown, arrumar um emprego e fazer tudo o que pudesse para ficar conhecido na área. Ele trabalharia duro e tinha certeza de que alguém iria notá-lo. Não era uma decisão fácil para meus pais, porque significava concordar que ele ficasse um ano fora da faculdade, o que para eles era assustador. Mas meus pais confiavam no meu irmão e o encorajaram a fazer o que achasse necessário para realizar seu sonho.

Não demorou muito para ele ser contratado como produtor de peças de teatro - é, adivinharam - na Brown. Era sua chance para brilhar, e ele brilhou. Nenhuma tarefa era grande ou pequena demais. Ele se dedicou totalmente ao trabalho. Conheceu professores e administradores, contou a todo mundo sobre seu sonho e nunca hesitou em dizer-lhes o que estava buscando.

E no final do ano, é óbvio, quando ele tornou a se candidatar à Brown, foi aceito.

Ficamos todos extremamente felizes e eu senti enorme orgulho do meu irmão. Aprendi uma lição importante - uma lição que ninguém poderia ter me ensinado com palavras, uma lição que eu só poderia aprender vendo com meus próprios olhos. Se eu der duro pelo que quero, se continuar tentando mesmo depois de ser rejeitada, meus sonhos também podem se realizar. Este é um presente que eu ainda guardo no coração. Por causa do meu irmão, eu confio na vida.

Recentemente, fui sozinha a Rhode Island para visitá-lo e tive uma semana sensacional, sem adultos por perto. Na noite anterior à minha volta, estávamos conversando sobre vários assuntos quando meu irmão, olhando nos meus olhos, disse que eu nunca fizesse nada que não achasse certo, por mais que os outros insistissem. Também disse para eu confiar sempre no desejo do meu coração.

Chorei durante toda a minha viagem de volta, sabendo que meu irmão e eu seremos sempre amigos e me dando conta da sorte que é ser sua irmã. Uma coisa estava diferente: eu não me senti mais uma garotinha. Parte de mim havia crescido naquela viagem e pela primeira vez pensei na grande tarefa que me esperava em casa. Tenho uma irmã dez anos mais nova e quero ajudá-la a fazer as escolhas certas. Hoje sei como é importante ter um ótimo professor.


quarta-feira, 23 de julho de 2008

O Bem mais Precioso

Conta o folclore europeu que há muitos anos atrás um rapaz e uma moça
apaixonados, resolveram se casar.

Dinheiro eles quase não tinham, mas nenhum deles ligava para isso.

A confiança mútua era a esperança de um belo futuro, desde que
tivessem um ao outro.

Assim, marcaram a data para se unir em corpo e alma.

Antes do casamento, porém, a moça fez um pedido ao noivo :

-- Não posso nem imaginar que um dia possamos nos separar.

Mas pode ser que com o tempo um se canse do outro, ou que você se
aborreça e me mande de volta para meus pais.

-- Quero que você me prometa que, se algum dia isso acontecer, me
deixará levar comigo o bem mais precioso que eu tiver então.

O noivo riu, achando bobagem o que ela dizia, mas a moça não ficou
satisfeita enquanto ele não fez a promessa por escrito e assinou.

Casaram-se, decididos a melhorar de vida, ambos trabalharam muito e
foram recompensados.

Cada novo sucesso os fazia mais determinados a sair da pobreza, e
trabalhavam ainda mais.

E o tempo passou e o casal prosperou.

Conquistaram uma situação estável e cada vez mais confortável, e
finalmente ficaram ricos.

Mudaram-se para uma ampla casa, fizeram novos amigos e se cercaram dos
prazeres da riqueza.

Mas, dedicados em tempo integral aos negócios e aos compromissos
sociais, pensavam mais nas coisas do que um no outro.

Discutiam sobre o que comprar, quanto gastar, como aumentar o
patrimônio, mas estavam cada vez mais distanciados entre si.

Certo dia, enquanto preparavam uma festa para amigos importantes,
discutiram sobre uma bobagem qualquer, e começaram a levantar a voz, a
gritar, e chegaram às inevitáveis acusações.

-- Você não liga para mim! - gritou o marido

-- Só pensa em você, em roupas e jóias.

-- Pegue o que achar mais precioso, como prometi, e volte para a casa
dos seus pais.

Não há motivo para continuarmos juntos.

A mulher empalideceu e encarou-o com um olhar magoado, como se
acabasse de descobrir uma coisa nunca suspeitada.

-- Muito bem, disse ela baixinho. Quero mesmo ir embora.

Mas vamos ficar juntos esta noite para receber os amigos que já foram
convidados.

Ele concordou.

A noite chegou. Começou a festa, com todo o luxo e a fartura que a
riqueza permitia.

Alta madrugada o marido adormeceu, exausto.

Ela então fez com que o levassem com cuidado para a casa dos pais dela
e o pusessem na cama.

Quando ele acordou, na manhã seguinte, não entendeu o que tinha
acontecido.

Não sabia onde estava e, quando sentou-se na cama para olhar em volta,
a mulher aproximou-se e disse-lhe com carinho :

-- Querido marido, você prometeu que se algum dia me mandasse embora eu
poderia levar comigo o bem mais precioso que tivesse no momento.

-- Pois bem, você é e sempre será o meu bem mais precioso.

Quero você mais que tudo na vida, e nem a morte poderá nos separar.

Envolveram-se num abraço de ternura e voltaram para casa mais
apaixonados do que nunca.

O egoísmo, muitas vezes, nos turva a visão e nos faz ver as coisas de
forma distorcida.

Faz-nos esquecer os verdadeiros valores da vida e buscar coisas que
têm valor relativo e passageiro.

Importante que, no dia-a-dia, façamos uma análise e coloquemos na
balança os nossos bens mais preciosos e passemos a dar-lhes o devido
valor.

domingo, 20 de julho de 2008

Pontos de Vista


Uma vez uma companhia enviou um vendedor de sapatos a uma cidade na
África aonde ele nunca tinha vendido.

Ele era um dos vendedores mais antigos e experientes, e esperavam
grandes resultados.

Logo após sua chegada à Africa, o vendedor escreveu para a companhia
dizendo :

-- É melhor vocês me chamarem de volta. Aqui ninguém usa sapatos.

Foi chamado de volta.

A companhia decidiu então enviar um outro vendedor que não possuía
muita experiência, mas era dotado de grande entusiasmo.

A companhia achava que ele seria capaz de vender alguns pares de
sapatos.

Pouco depois de sua chegada ele enviou um telegrama urgente para a
firma dizendo :

-- Por favor, enviem todos os sapatos disponíveis. Aqui ninguém usa
sapatos!

quarta-feira, 9 de julho de 2008

A Lamparina


Algumas de minhas irmãs trabalham na Austrália.

Numa reserva, entre os aborígines, havia um homem bastante velho. Posso
assegurar-lhes que vocês nunca viram uma situação de pobreza tão
alarmante como a desse pobre ancião. Todos o ignoravam. Seu lar era
desarrumado e sujo.

- Por favor, disse-lhe eu certa vez, deixe-me limpar sua casa, lavar
suas roupas e fazer sua cama.

- Estou bem assim, respondeu ele, não se preocupe.

- Pois ficará ainda melhor, insisti, se permitir que eu faça isso.

Ele concordou finalmente. Pude, portanto, limpar sua casa e lavar as
suas roupas.

Encontrei no meio da bagunça uma lamparina inteiramente coberta de
poeira. Só Deus sabe o tempo transcorrido desde que o homem a acendera
pela última vez.

- O senhor não acende a sua lamparina? - perguntei-lhe. Não costuma
usá-la?

- Não, respondeu ele, não recebo a visita de ninguém. Não preciso de
luz. Para quem deveria acendê-la?

- O senhor a acenderia todas as noites se as irmãs passassem a
visita-lo?

- Naturalmente! respondeu ele.

Desse dia em diante, as irmãs combinaram entre si, visitar o pobre
ancião todas as noites.

Dois anos se passaram.

Eu tinha esquecido completamente esse homem, quando ele enviou esta
mensagem:

"Contem à minha amiga, que a luz que ela acendeu em minha vida continua
brilhando."


Madre Tereza de Calcutá