terça-feira, 12 de agosto de 2008
As duas pulgas
Muitas empresas caíram e caem na armadilha das mudanças drásticas de
coisas que não precisam de alteração, apenas aprimoramento. O que lembra
a história de duas pulgas.
Duas pulgas estavam conversando e então uma comentou com a Outra:
-- Sabe qual é o nosso problema? Nós não voamos, só sabemos saltar.
Daí nossa chance de sobrevivência quando somos percebidas pelo cachorro
é zero. por isso que existem muito mais moscas do que pulgas.
E elas contrataram uma mosca como consultora, entraram num programa de
reengenharia de vôo e saíram voando. Passado algum tempo, a primeira
pulga falou para a outra:
-- Quer saber? Voar não é o suficiente, porque ficamos grudadas ao corpo
do cachorro e nosso tempo de reação é bem menor do que a velocidade
da coçada dele. Temos de aprender a fazer como as abelhas, que sugam o
néctar e levantam vôo rapidamente.
E elas contrataram o serviço de consultoria de uma abelha, que lhes
ensinou a técnica do chega-suga-voa. Funcionou, mas não resolveu. A
primeira pulga explicou por quê:
-- Nossa bolsa para armazenar sangue é pequena, por isso temos de ficar
muito tempo sugando. Escapar, a gente até escapa, mas não estamos nos
alimentando direito. Temos de aprender como os pernilongos fazem para
se alimentar com aquela rapidez.
E um pernilongo lhes prestou uma consultoria para incrementar o tamanho do
abdômen. Resolvido, mas por poucos minutos. Como tinham ficado maiores,
a aproximação delas era facilmente percebida pelo cachorro, e elas eram
espantadas antes mesmo de pousar. Foi aí que encontraram uma saltitante
pulguinha:
-- Ué, vocês estão enormes! Fizeram plástica?
-- Não, reengenharia. Agora somos pulgas adaptadas aos desafios do século
XXI. Voamos, picamos e podemos armazenar mais alimento.
-- E por que é que estão com cara de famintas?
-- Isso é temporário. Já estamos fazendo consultoria com um morcego,
que vai nos ensinar a técnica do radar. E você?
-- Ah, eu vou bem, obrigada. Forte e sadia.
Era verdade. A pulguinha estava viçosa e bem alimentada. Mas as pulgonas
não quiseram dar a pata a torcer:
-- Mas você não está preocupada com o futuro? Não pensou em uma
reengenharia?
-- Quem disse que não? Contratei uma lesma como consultora.
-- O que as lesmas têm a ver com pulgas?
-- Tudo. Eu tinha o mesmo problema que vocês duas. Mas, em vez de dizer
para a lesma o que eu queria, deixei que ela avaliasse a situação e
me sugerisse a melhor solução. E ela passou três dias ali, quietinha,
só observando o cachorro e então ela me deu o diagnóstico.
-- E o que a lesma sugeriu fazer?
-- "Não mude nada. Apenas sente no cocuruto do cachorro. o único lugar
que a pata dele não alcança".
MORAL: Você não precisa de uma reengenharia radical para ser mais
eficiente. Muitas vezes, a GRANDE MUDANÇA é uma simples questão de
reposicionamento.
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