Um homem curioso...
Todos os dias, às 4
horas da tarde, entrava na biblioteca um homem de roupa cinzenta. Já trazia na
mão o pedido do livro que desejava ler: "História da Groelândia".
Recebido o livro, aliás, escrito em norueguês, ele se sentava em uma poltrona e
se aprofundava em sua leitura até o sinal de que a biblioteca iria fechar, às
dez horas.
Um dos empregados que
trabalhava na biblioteca estranhou tal comportamento: quem seria este homem que
gostava de ler, durante 6 horas, uma complicada história da Groelândia escrita
em norueguês?
Durante 3 meses o
estranho leitor pediu sempre o mesmo livro. Mas certo dia, porém, pediu um
livro diferente: "A respiração dos escaravelhos"! E, durante 4 meses
leu esse estranhíssimo livro, no qual ninguém lia.
Um dia, entretanto, o
homem deixou de lado os insetos e fez um pedido que assombrou ainda mais o
empregado: "Gramática descritiva e completa da língua chinesa".
O maior desejo do empregado
da biblioteca era encontrar com esse curioso homem na rua, para poder
questioná-lo sobre interesses tão diferentes.
Certa vez, quando o
empregado ia para o trabalho, encontrou absorvido em pensamentos, o misterioso
leitor. Aproximou-se dele e disse-lhe: -
Eu tenho acompanhado os importantes estudos que o senhor vem fazendo neste
último ano em nossa biblioteca. Desejo saber se o senhor publica estas
informações originais e substanciosas em algum artigo de revista ou jornal.
- Ah meu caro senhor! - respondeu o homem com um sorriso - Não leio, nem estudo nem publico coisa
alguma! Vou todos os dias à biblioteca unicamente para dormir! É a pura
verdade! Sou muito pobre e sem família; sou obrigado a trabalhar a noite inteira,
e durante o dia, à falta de outro cômodo, onde possa dormir com mais conforto,
vou descansar na poltrona macia da biblioteca.
Mas ainda havia um ponto
obscuro ao empregado: - Mas só para
dormir você pede livros complicados?
- Eu mesmo não sei o que peço! - esclareceu risonho - eu só posso ficar no salão de leitura se
eu pedir um livro, então eu peço o livro indicado no primeiro cartão do
catálogo. Quando mudam a ordem dos cartões, eu peço, sem o querer, um novo
livro! Mas para mim qualquer livro serve. Tenho sempre tanto sono!
Quanta simplicidade em uma vida corrida e de muito sono...
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